Bem vindo(a) ao Redes&Enredos na EaD

Este blog, além de discutir e difundir informações e eventos sobre Ead, também aborda temas como educação científica e problemas e soluções para a educação brasileira em todos os níveis (ensino básico - fundamental e médio - e superior)

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Relato de uma experiência como criadora de blog e como aluna de Ead de primeira viagem


Há muito mais sites e blogs sobre EaD na Internet do que sonha nossa vã sabedoria! Ufa, foi uma verdadeira experiência de Indiana Jones para mim. Para início de conversa, não sabia nem por onde começar para criar um blog. O professor  Altair Portes, então, muito pacientemente, na Fac de Limeira, me mostrou o caminho das rosas e aprendi em que site deveria entrar para iniciar meu blog e como lidar com as configurações. Enfim, passou-me as informações necessárias para eu me aventurar como blogger. Depois de vencidas as primeiras dificuldades, era necessário criar um nome que fosse fiel ao que eu gostaria de explorar em meu blog. Depois de algumas possibilidades, cheguei ao nome “Rede & Enredos na Ead”. Rede devido à própria natureza de tudo o que é veiculado por meio da grande rede que é a internet; enredo porque possibilita a leitura e escrita de várias histórias de vida, experiências pessoais, impressões, críticas, observações que a ferramenta democrática “Comentários” permite expressar.
Vencidos os primeiros desafios – aprender como criar um blog, escolher nome, definir configurações – o meu segundo foi encontrar bons blogs de Ead. Inicialmente procurei um já indicado pelo curso, o do professor Mattar (http://joaomattar.com/blog/), mas não conseguia encontrar as postagens, só via os comentários. Apresenta muita informação misturada na página inicial e me senti perdida. Encontrei um link chamado “Como navegar neste blog” e consegui comentar algumas postagens. Mas ainda hoje, acho-o meio complicado, pois no lado direito, há os nomes dos comentaristas seguidos da postagem comentada. Acho que seria mais produtivo se houvesse, como em outros blogs que visitei, em ordem cronológica, os nomes de todas as postagens em evidência para que os visitantes possam escolher o que querem ler e comentar.
Ao acompanhar esse blog notei também que sobre a EaD, propriamente dita, as publicações são sempre sobre eventos da área como congressos, palestras, jornadas, encontros, cursos, oficinas, etc, como também sobre livros que versam a respeito de tutoria, metodologias e ferramentas em Ead, estudos e pesquisas sobre EaD. Senti falta, no entanto, de textos próprios do autor em que ele discutisse questões relativas à EaD, como vi em outros blogs que acompanhei como o do prof. Moran, por exemplo (http://moran10.blogspot.com/) .
Minha hipótese a respeito da escrita de que nunca se escreveu tanto quanto hoje com o advento da internet e das ferramentas de autoexpressão se confirmou ao passar por essa experiência. Muito professores e pesquisadores alardeiam sobre o “efeito nocivo” da internet sobre a escrita dos estudantes; dizem que ninguém lê mais e que isso é causa da pobreza da escrita de muitos. No entanto, antes mesmo de existirem ferramentas como twitter, msn, blogs e todas as demais interfaces de comunicação instantânea via texto (com ou sem imagem e som), muitas pessoas já escreviam e liam e-mails, o substituto da carta escrita enviada pelo correio. E o blog, no contexto atual – afirmo isso baseada em minha própria experiência – permite que seu criador, além de externar sentimentos, impressões, pensamentos a respeito de certos temas, também exponha sua opinião a respeito de ideias presentes em outros blogs ou sites que ele acompanha. Isso desenvolve seu espírito crítico, sua capacidade de argumentar com base em evidências e raciocínios coerentemente elaborados; ajuda-o a desenvolver melhor a escrita, já que ele é obrigado a reler o que escreveu antes de postar.
Tudo o que li durante as aulas no curso de Metodologia e  Gestão para Educação a Distância foram se materializando nas leituras dos blogs que acompanhei. Como é uma área bastante atual e em franco crescimento, percebi a total consonância entre o próprio design instrucional deste curso e as competências e habilidades que a instituição deseja desenvolver em nós, professores presenciais, e futuros professores a distancia.  Percebi, como aluna de curso a distância, em minha interação com o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), a atuação das três variáveis pedagógicas da Ead: o grau de interação entre professores e alunos; a importância da estrutura dos programas educacionais e a natureza e grau de autonomia do aluno, a qual “senti na pele”.
No curso como um todo (leitura fundamental, vídeo, exercícios, Saiba mais) e no momento em que comentamos o que lemos nos blogs, nos envolvemos em atividades assíncronas. Seria interessante que fosse desenvolvida uma ferramenta de chat para possibilitar a troca de ideias assim que as pessoas lessem as postagens. Isso acrescentaria ao blog a possibilidade de desenvolver atividades síncronas também.   
Apesar de não ser ainda professora-tutora, gostei da experiência de postar textos próprios ou pesquisar fontes ou informações interessantes para incluir em meu blog. É o processo criativo propriamente dito, e por que não dizer “autoria”.  Ao criar um blog, senti-me um pouco como o professor conteudista que incorporaria muitas das funções do designer instrucional, como observa Terry Anderson (2003) quando diz que tanto as ferramentas para a criação de conteúdos, quanto os pacotes para apresentações de  ilustrações possibilitam que os professores tenham maior facilidade para serem criadores de conteúdos que sejam adequados aos propósitos de sua disciplina e ao ambiente em que esses conteúdos serão veiculados.
Nas leituras que fiz, também percebi que a definição ou concepção de Ead, desde o advento dessa modalidade de educação, tem passado por algumas mudanças. E à definição corresponde um ou alguns dos vários modelos pedagógicos: os autoinstrucionais e colaborativos; os focados no professor e no conteúdo; centrados em atividades e projetos; os que são para poucos alunos ou de massa. Há aqueles ainda aqueles que mantêm a figura do professor, mas incorporam a flexibilidade de autoaprendizagem. Em nosso curso de Metodologia e Gestão, percebi que há um híbrido de modelos, já que temos que desenvolver projetos, resolver exercícios, realizar leituras e pesquisas, e podemos contar com a orientação de nosso professor-tutor. E o melhor: podemos planejar nosso tempo para realizar tudo isso.
Acho que para um relato de experiência, já escrevi demais. Como uma forma de estímulo àqueles que porventura vierem a ler este texto para que provem da Educação a distância, e que ainda não se libertaram de “pré-conceitos” sobre essa modalidade, resumo abaixo suas principais características:
ü  Democratização do acesso à educação;
ü  Flexibilidade (tempo e horário mais apropriados);
ü  Eficiência da metodologia;
ü  Aumento da capacidade de leitura e de escrita;
ü  Autonomia do estudante (o que leva à maturidade);
ü  Redução de custos (tanto para o próprio curso como para transporte, alimentação etc);
ü  Ampliação da abrangência das instituições;
ü  Acesso a conteúdos e atividades estruturadas de aprendizagem.
ü  Acessibilidade de pessoas com alguma deficiência.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Vídeo sobre Educação a Distância

Ótimo vídeo que pode ser desfrutado ouvindo a voz de Gilberto Gil. Trata-se de um resumo cativante sobre o que é a EaD e toda a revolução na maneira de aprender que esse tipo de educação permite a todos em qualquer lugar e em qualquer hora.


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Revista do Laboratório de Jornalismo Científico da Unicamp

Uma grande fonte de informações sobre as diversas áreas do conhecimento, a revista eletrônica Comciencia, do Laboratório de Jornalismo Científico da Unicamp não pode deixar de fazer parte da aba de favoritos de todo aquele que se interesse por questões atuais, sejam elas de cunho científico, cultural, educacional, político, artístico etc.
A edição deste mês traz reportagens que nos levam a refletir sobre as características, o impacto, a utilidade das novas tecnologias, tanto na relação ensino-aprendizagem, quanto na questão da inclusão ou ainda na relação entre os simples e o complexo, dentre outras.
No site, você pode também ter acesso às edições anteriores.
Veja alguns dos temas deste mês:

Veja o link para a revista:

http://www.comciencia.br/comciencia/

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Alguns números sobre "blogs"

       Estatísticas:
  • 15,5 milhões é o total de blogs no mundo;
  • 1 blog é criado a cada segundo;
  • 30% da população online dos EUA visitam blogs;
  • Em junho foram criados 80 mil blogs por dia;
  • Blogs com conteúdo político, estilo de vida, tecnologia e escritos por mulheres são os mais acessados.
Fonte: http://www.ead.sp.senac.br/newsletter/agosto05/destaque/destaque.htm (acesso em 12/09/2011)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

2º Congresso - Ciudades Creativas



Nos dias 26 a 28/10/11 será realizado em Madrid, Espanha, o II Congresso Internacional Ciudades Creativas. Você poderá participar aqui do Brasil e de qualquer lugar do mundo por videoconferência, mediada no Brasil pela Faculdade de Educação da Unicamp. Para isso, precisa se inscrever no seguinte link:


http://www.fae.unicamp.br/informatica/dform-dev/gera.php?form=ciudades

O papel da ciência e da tecnologia no desenvolvimento nacional

É consenso que a Ciência e a Tecnologia devem estar a serviço do homem. Mas que homem? Apenas o que pode pagar por elas? Ou aquele que está ativamente envolvido na produção das grandes inovações produzidas nas instituições de pesquisas? Todo Homem deve ter acesso a uma bagagem de conhecimento suficiente para poder usufruir não só do produto final, mas compreender o processo de produção de determinadas tecnologias e, se possível dele participar, direta – atuando, construindo, criando – ou indiretamente – dando idéias do que julga necessário desenvolver em relação a alguma área específica –, conforme as necessidades que a vida diária e o ambiente impõem.

Ciência e tecnologia devem objetivar o desenvolvimento humano, propiciando melhorias na qualidade de vida das pessoas, em todos os seus aspectos: educação alimentação, saúde, condições de trabalho, moradia. Isso deve vir atrelado ao desenvolvimento sustentável, que, de acordo com o Relatório Brundtland de 1987[1], é o “desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem prejudicar a capacidade das futuras gerações de atender as suas próprias necessidades”.

Diariamente, e, na maioria das vezes, inconscientemente, as pessoas estão sendo beneficiadas pelo que já se produziu em termos de ciência e tecnologia. O sistema de captação e purificação da água, a energia elétrica que chega às casas, o sistema de saneamento básico, as técnicas de esterilização de materiais e tantas outras aplicações do conhecimento científico que impactam de forma positiva a vida do cidadão comum. Não há dúvida de que o conhecimento científico tem tido um inestimável papel na prevenção e na cura de inúmeras doenças, aumentando consideravelmente a expectativa de vida que, no Brasil, cresceu 9,1 anos entre 1980 e 2004, segundo dados do IBGE. Esse crescimento é atribuído à relativa melhoria no acesso da população aos serviços de saúde, campanhas nacionais de vacinação, aumento do nível de escolaridade da população, entre outros.  A aplicação de novas tecnologias no controle de pragas nas plantações favorece colheitas abundantes para atender à demanda populacional, e a produção de alimentos com isso, pôde ser ampliada. A tecnologia incrementou a capacidade de comunicar, de produzir, de tratar e trocar informações, interligando mesmo os locais mais remotos.

No entanto, se por um lado temos a mais alta tecnologia como a nanotecnologia, por exemplo, e suas infinitas aplicações nas diversas áreas como a medicina, eletrônica, ciência da computação, física, e engenharia dos materiais, por outro lado, ainda há pessoas morrendo de malária, de tuberculose, e de outras doenças que poderiam ser evitadas caso o acesso à tecnologia fosse assegurado a todo cidadão. Enquanto aumentam-se os “gigas” de computadores, e um número infinito de dados cabe em um aparato de 50 gramas ou menos, milhões de pessoas não tem acesso a bens imprescindíveis para manutenção de sua vida, como a água potável.

Isso mostra de modo convincente que o fantástico potencial de transformação da realidade gerado pela ciência pode ser utilizado nas mais diversas e contraditórias direções. Mas, nos tempos da globalização, a desigualdade no acesso à ciência e tecnologia entre os países desenvolvidos e os demais países persiste aumentando, assim como se amplia a desigualdade na sua riqueza e na capacidade produtiva. Para Roberto Nicolsky[2], a questão mais crucial para um país emergente que quer alcançar um nível de produção e renda compatíveis com as necessidades da sociedade, diz respeito a quais seriam os processos, e os seus desafios, para gerar valor econômico a partir do conhecimento. Isso nos remete à frase “Scientia potentia est, famoso aforismo do cientista e pensador Francis Bacon (1561-1626), a qual serve de argumento à demonstração de que o conhecimento deve estar livremente disponível para o benefício da comunidade mundial e, não ser escondido ou manipulado para privilegiar minorias.

Há que se “universalizar” o acesso aos bens produzidos pela ciência e tecnologia, cujo fim deve ser promover o bem-estar social do cidadão atrelado à manutenção e conservação do meio ambiente. Neste, estão compreendidos clima, iluminação, emissão de substâncias e gases tóxicos, condições de alimentação, modo de vida em sociedade, relações entre os seres vivos, etc. Todos esses fatores, interligados, podem ser negativa ou positivamente afetados a depender dos usos e propósitos da ciência e da tecnologia. Assim, a disponibilidade de informação científica e tecnológica, inclusive sobre seus riscos ambientais, e o acesso à tecnologia ambientalmente saudável e sua transferência, são requisitos essenciais para o desenvolvimento sustentável.

O desafio que se impõe aos pesquisadores e ao poder público é, portanto, criar estratégias de promoção da apropriação social da ciência e da tecnologia pelos cidadãos, independentemente de sua origem, raça ou condição social. A tecnologia deve chegar ao campo, à favela, à periferia, aos recônditos esquecidos do Brasil para devolver a sua gente a dignidade, o direito de ser produtivo, e de usufruir dos bens produzidos nos laboratórios de grandes universidades e institutos de pesquisas, cujos gastos são custeados voluntaria ou involuntariamente, com o pagamento de impostos tanto de pobres como de ricos. Assim, ela funcionaria também como instrumento de inclusão social ao apoiar a criação de arranjos produtivos locais, adaptada às condições econômicas e ambientais.

Devem-se tomar medidas de popularização dos conhecimentos científicos e tecnológicos e garantir o acesso do cidadão a estes, por meio de experiências de educação informal e não formal. No contexto atual de um mundo globalizado onde o conhecimento é poder, os países que não contemplam políticas de desenvolvimento científico e tecnológico em seus projetos de governo, submetem o país a uma dependência externa permanente, com a conseqüente deterioração dos indicadores sócio-econômicos e ambientais, que finalmente resultam nos baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).

Cabe destacar, neste contexto, a grande responsabilidade da sociedade organizada e suas representações, tais como institutos, associações, universidades, organizações não governamentais (ONGs), tanto nacionais como internacionais, de criar mecanismos que resultem em ações efetivas para produção e aplicação do conhecimento. Ressalta-se também, a tarefa mediadora dos grandes meios de comunicação (Jornais, TV, Internet, Revistas), de interpretar, “traduzir” e divulgar o impacto da ciência no desenvolvimento nacional e, conseqüentemente, na qualidade de vida da nação.



[1] documento intitulado Nosso Futuro Comum, publicado em 1987, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas.

[2]Os desafios para transformar conhecimento em valor econômico”, Comciência, nº 24, set/2001.

Ensino escolar e educação científica, o “casamento perfeito”

Sem dúvida, estamos vivendo um momento ímpar na história da informação. Pode-se dizer que estamos na era da democratização tanto da divulgação do conhecimento científico quanto de sua produção, fenômeno inexistente há pouquíssimo tempo. O conhecimento já não está circunscrito às páginas da Britânica ou da Mirador, à Folha ou ao Estadão e aos periódicos científicos. Já atravessou a fronteira das escolas, institutos de pesquisa e universidades. E a internet é, sem dúvida, a grande responsável por essa revolução no modo de conhecer. A ampliação das mídias de transmissão e recepção de informações desconhece tempo e espaço. São os orkuts, os blogs, os podcasts, You Tube, wikis, e a lista não pára nestes meios. 
O governo brasileiro, em cooperação com as secretarias estaduais de Ciência e Tecnologia, tem tomado iniciativas para diminuir a distância entre a camada mais carente da população e o acesso ao conhecimento científico. Dentre as principais atividades, destacam-se a criação de Museus de Ciência, as Olimpíadas de Matemática, e a realização da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, criada em junho de 2004 por um decreto do Presidente Lula, e que acontece sempre no mês de outubro. Estas são ações do que atualmente é chamado de “sistema nacional de popularização da Ciência” que tem criado uma verdadeira mania por ciência. Pesquisas com células-tronco para o tratamento de doenças, alimentos transgênicos na mesa, mudanças climáticas (aquecimento global), novas aplicações da nanotecnologia estão na ordem do dia. O cidadão comum já não está alheio às descobertas que poderão ter impacto negativo ou positivo em sua vida. A ciência virou até tema de samba-enredo. Parece não haver mais limites para o conhecimento. Será?  Iniciativas para o avanço da popularização da ciência ainda têm inúmeros desafios a enfrentar.
Ildeu de Castro Moreira, diretor do Departamento de Popularização e Difusão de Ciência e Tecnologia (Ministério de C&T), destaca a necessidade de as universidades se abrirem mais para a sociedade, já que durante muitas décadas, ela esteve voltada para a elite. Apesar de, nos últimos anos, ter se intensificado o movimento de abertura para a comunidade, com expansão das atividades de extensão, a divulgação do universo complexo da Ciência e Tecnologia, no curto período de uma aula ou exposição, exige trabalho especializado e competente, apresentado de maneira interessante. Ele ainda acrescenta que um dos grandes problemas da escola brasileira é que ela gera desgosto para o cidadão comum diante da ciência, quando lhe é imposta uma massa de informação, sem que se considere a capacidade do estudante descobrir o mundo.
            A ignorância, a falta de critério na seleção de informações e a incapacidade de julgamento quanto à confiabilidade de determinada informação pode ser o empecilho nessa escalada para o conhecimento. Assim, o desafio maior está na relação entre o comunicador da ciência e o professor, concretizada na parceria escola, mídia e sociedade. Os profissionais da comunicação não devem furtar-se à divulgação crítica e analítica da informação científica. Devem estar atentos às questões que envolvem ética no trabalho científico, como plágio, fabricação de resultados, informação escondida ou o controle de informação com vistas a tirar disso alguma vantagem. A ingenuidade não é uma virtude desejável no divulgador da ciência, o qual deve livrar-se do imaginário corrente de que o cientista é alguém cujo objetivo mais elevado é o bem da humanidade. Somado a isso, o comunicador da ciência deve utilizar uma linguagem – não que banalize – mas que aproxime o conhecimento produzido nas academias e nos laboratórios ao cotidiano das pessoas, de modo que estas possam discernir os malefícios e benefícios desta ou daquela aplicação da ciência e, em momento oportuno, quando chamadas a opinar num plebiscito, por exemplo, possam fazê-lo de maneira consciente.
            Ao professor deve ser garantida uma formação que lhe permita ser um selecionador criterioso da informação científica produzida pela mídia e adotar uma postura crítica em relação a ela. Relacionar a teoria aprendida em sala de aula com as pesquisas práticas e estudos noticiados pela mídia ajudam a desenvolver o senso crítico dos alunos, além de ser uma excelente oportunidade de discutir implicações sociais, éticas e econômicas. Programas de capacitação docente executados pelas universidades devem dar subsídios para que o professor possa ter um papel determinante na formação de alunos curiosos e engajados, ávidos não apenas pela recepção, mas criadores de informação e divulgadores de suas próprias descobertas.
É oportuno lembrar as palavras de Kliutchevski, historiador russo do século XIX: “O valor de todo o conhecimento está no seu vínculo com as nossas necessidades, aspirações e ações; de outra forma, o conhecimento torna-se um simples lastro de memória, capaz apenas - como um navio que navega com demasiado peso - de diminuir a oscilação da vida quotidiana”. Assim, deve ser intrínseca ao ensino a reflexão crítica a respeito dos processos de produção do conhecimento científico-tecnológico e de suas implicações na sociedade e na qualidade de vida de cada cidadão. Essa abordagem traduz um compromisso social e educacional, na medida em que universaliza a informação, amplia a discussão de questões relevantes para as diferentes camadas da sociedade, dando-lhes condição de decidir se determinada aplicação ou descoberta científica é boa ou ruim para sua vida ou o meio-ambiente. Dessa forma, deve-se propiciar aos alunos, desde os primeiros anos do ensino básico, práticas de ensino que favoreçam uma aprendizagem comprometida com as dimensões sociais, políticas e econômicas que permeiam as relações entre ciência, tecnologia e sociedade.